terça-feira, 19 de maio de 2009

Para pensar: A direita faminta.

A direita vem aí, faminta
Atualizado em 17 de maio de 2009 às 17:09 Publicado em 17 de maio de 2009 às 14:50
por Luiz Carlos Azenha
Ninguém é "de direita" no Brasil. Ninguém assume ser de direita. Mas ela existe, se esconde sob diversos disfarces e representa uma aliança entre grandes interesses econômicos internacionais e grandes interesses econômicos nacionais subordinados àqueles. O tal pacto de elites. Elas fazem concessões pontuais para preservar o essencial: o controle da terra, do subsolo e dos recursos naturais.
O presidente Lula não representou um rompimento com isso. Ele costurou alianças em direção ao centro para garantir a "governabilidade". Hoje o agronegócio manda na agricultura e no meio ambiente, os banqueiros controlam o Banco Central e os recursos naturais do Brasil estão entregues a interesses privados -- da Vale do Rio Doce aos parceiros estrangeiros da Petrobras.
Num quadro de escassez, expresso na crise econômica internacional, a disputa pelo controle dos recursos -- e de como gastá-los -- deve se acirrar em todo o mundo. No Brasil não é diferente. Essa disputa passa pelas eleições de 2010.
Lula, no poder, se comportou como um sindicalista pragmático. Preferiu os acordos de bastidores às ruas. Não trabalhou para estimular, organizar ou vitaminar movimentos políticos de sustentação às propostas de seu governo. Não trabalhou para aprofundar a democracia, isto é, para engajar politicamente os que ascenderam economicamente graças às políticas sociais de seu governo. O que explica a vitória de Gilberto Kassab em bolsões de classe média baixa em São Paulo: eleitores beneficiados por programas do governo federal, despolitizados, gravitaram para o candidato com o melhor marketing televisivo.
Já contei aqui sobre o comício final de Marta Suplicy, que teve a presença de Lula: um belíssimo cenário para gravar a propaganda mas nenhuma vibração popular. Vitória completa da forma sobre o conteúdo, do marketing sobre a política.
Agora, às vésperas de 2010, Lula costura de novo para o centro. O governador José Serra faz o mesmo. Serra limou Yeda Crucius de sua coalizão. A Veja já fez duas reportagens seguidas prevendo a hecatombe da tucana gaúcha. O PSDB já deve ter fechado acordo com José Fogaça, do PMDB, para apoiá-lo como candidato a governador em 2012, em troca de apoio no ano que vem.
Os aliados conservadores de Lula são José Sarney e Michel Temer, o que explica o furor midiático em relação à "farra das passagens". Se ambos fossem aliados de Serra o Congresso não estaria "em crise", nem mereceria tamanha cobertura do eixo midiático Veja-Globo-Folha.
A Folha Online anuncia um acordo entre Serra e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pelo qual este seria vice na chapa tucana. Com isso o governador paulista reduz ainda mais a margem de manobra de Lula no PMDB e deixa o presidente da República no colo do trio Sarney-Temer- Renan.
Os acordos acima citados reforçam a posição de Serra no Sul e no Sudeste. Mais ainda se considerarmos que a crise econômica internacional está longe de acabar, que teremos um crescimento interno reduzido este ano e apenas razoável em 2010.
Em entrevista à CartaCapital, Dilma Rousseff disse: "A eleição do Lula, do Evo, da Michelle, da Cristina, do Hugo Chávez, marcam um processo de democratização muito comprometido com os povos dos paises nos quais ocorre".
A diferença é que, no Brasil, o "processo de democratização" foi superficial, não-orgânico e, hoje, depende da sobrevivência política do símbolo dele, Lula. Diante do quadro que descrevi, fiquem de olho: devem aumentar os pedidos para um terceiro mandato ou para que o presidente saia de vice na chapa de Dilma Rousseff.
Quantos bilhões de dólares vale o pré-sal? Quantos bilhões de dólares valem os minérios no subsolo brasileiro? A direita, que nunca chegou a perder o controle da riqueza, vem aí faminta por privatizar cada centavo desses bens públicos, para tomar de volta mesmo as migalhas que Lula distribuiu.

9 comentários:

  1. Olá, amigo.
    O texto merece discussão.
    Ana Regina

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  2. Jonas, desculpa aí, mas sou obrigado a deixar essa frase aqui:

    Se você não tiver sido de esquerda antes dos 30, não tem coração. Se continua sendo após os 30, não tem cérebro!rsrsrs...

    Vinícius D'Avila

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Estou feliz pelo debate. Esta é a finalidade do blog. Obrigado por sua opinião Vinícius.

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  5. Olá, Jonas e Vinicius.
    Acho que, hoje, a questão não é decidir ser de direita ou de esquerda,o importante é escolher um lado ético para se situar.Um lugar que não suporte mentiras, intolerância, preconceito.
    Milton Santos, nesta afirmação: "Eu chamo a globalização de globaritarismo porque estamos vivendo uma nova fase do totalitarismo. O sistema político utiliza os sistemas técnicos comtemporâneos para produzir a atual globalização, conduzindo-nos para formas de relações econômicas implacáveis, que não aceitam discussão, que exigem obediência imediata." Encontros/Milton Santos.Azougue Editorial,p. 180
    Nos faz pensar, quem compõe o sistema político?
    Ana Regina

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  6. Jonas, PT já foi oposição, lembra?

    "Por mais que as pessoas alienadas falem mal da esquerda a direita nunca fez nada para o nosso país."

    E quando a "esquerda" assume o comando, o que faz? No Brasil, não muito! Eu sou de esquerda e foi só uma brincadeira, essa é uma frase bem velha... desculpe se ti ofendi!

    Não vejo muitas alternativas... aliás, quase não vejo alguma. O chamado "povão" é o que mais me deixa decepcionado... mesmo depois do mensalão, nada foi feito, ninguém foi preso, a população nada fez(eu idem). Nem o tal "eixo midiático", como diz no texto, foi capaz de fazer o povo se mexer.

    A principal diferença entre Brasil e Europa quando o assunto é "justiça", é que no Brasil, quando algum escândalo de corrupção é descoberto, não acontece nada, ninguém é devidamente punido! Na Europa também HÁ corrupção, só que se o cara for descoberto, vai pra cadeia!

    Esquerda ou direita, seja quem assumir em 2010, a política do pão-de-circo vai continuar...

    Obs.: não gosto dos termos "direita", "esquerda", "centro-esquerda", etc. Governo e oposição é melhor!

    Vinícius D'Avila

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  7. Claro que não me ofendeu. como falei o debate de idéias que é importante. Mas a Ana Regina tem razão, temos que estar atentos quanto ao futuro. quem nos representará? O povo tem condições de mudar a situação sem que continue refem dos políticos profissionais corruptos sejam eles de qualquer denominação política.
    continue postando, tá ficando bom!!!!!!!!

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  8. Sinceramente amigos -aí vai minha opnião- não reconheço no atual contexto brasileiro uma esquerda real.O texto é um bom aletra a nós eleitores...e cadaa vez mais concluo que as ideologias partidárias estão se limitando ao papel...Vejamos o Partido dos Trabalhadores, lembro-me muito bem do discurso elitoral do LUla para seu primeiro mandato.De fato estava fortemente ligado à ideologia do partido.
    Mas lhes pergunto:ONde foi parar todo aquele discurso?
    POr dinheiro se faz de tudo infelizmente.è dificil e acreditar que a esquerda, chegando ao poder, praticará sua ideologia..
    Em 2010 vem mais uma oportunidade do povo responder..
    Eh isso ae JOnas...é um prazer estar aqui comentando no seu blog..Parabéns pela iniciativa!!!
    JOão Flavio

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  9. Os termos direita e esquerda, na minha opinião, não se aplicam a política brasileira.. Podemos observar isso muito bem nos discursos proferidos pelos candidatos nas ultimas elições presidenciais. Observem! As ideologias partpdárias estão se perdendo, aos poucos, para a ganância humana. Infelizmente, a maoir parte de nossa população ainda é vítima dessa alienação tanto empregada por nossos governantes. O povo passa a desacreditar nesta classe, onde apenas uma minoria quer, realmente, mudanças que favoreçam a todos, o que agrada a maioria corrupta que pode manter-se assim no poder...

    Aldier

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