quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Made in China: Como a China virou potência?

Desde a época do surgimento da civilização chinesa, há 4 mil anos, até o ano de 1978, muitas coisas aconteceram. A China tornou-se um grande império no século II a.C., quando iniciou a construção da Grande Muralha para se defender dos mongóis. No século XIII, o país começou a ter contato com o mundo ocidental. Na Guerra do Ópio, os chineses lutaram contra o imperialismo inglês, contudo acabaram perdendo o território de Hong Kong. Para os franceses, perderam o Vietnã; os russos conquistaram áreas do norte de seu território; e o Japão anexou a Coréia e Taiwan. Os chineses também viram os japoneses ocuparem a Manchúria; tal situação só se findou com a derrota do Japão na 2ª Guerra Mundial. Em 1949, os comunistas, sob a liderança de Mão Tse-tung, tomaram o poder e realizaram inúmeras mudanças, estatizando as empresas e as propriedades fundiárias e promovendo a ditadura. Em 1950, a China se aproximou da União Soviética, entrando também, na Guerra da Coréia. Após a morte de Tse-tung, em 1976, Deng Xiaoping e seus aliados assumiram o poder e colocaram o país em outros trilhos. A partir de 1978, a China iniciou uma série de reformas econômicas, as quais tiveram como base os fartos subsídios estatais, visando tornar o país um grande exportador de produtos de baixo custo e procurando atrair pesados investimentos estrangeiros. Com tais medidas, o país se deparou com um crescimento econômico bastante significativo. Em virtude da mão-de-obra barata, centenas de empresas estrangeiras foram atraídas para a país, tornando-o uma verdadeira potência exportadora. Em 1989, mesmo com o fim da URSS, a China permaneceu com seu regime fechado. Basicamente, a política econômica adotada pelos chineses nesse período baseava-se no apoio às multi-nacionais, que mudavam gradativamente o perfil da economia chinesa. O Estado se esforçava para garantir uma ampla infra-estrutura, energia, matérias-primas e mão-de-obra barata, tudo que as multi-nacionais desejavam. O que essas empresas estrangeiras levaram à China foi a tecnologia, o que foi essencial para a modernização do país.Com a produção em massa, os preços dos produtos chineses ficaram baratíssimos em relação a outros mercados, dando para o país, uma fantástica competitividade no mercado internacional. Quem nunca encontrou a famosa frase “Made in China” em algum produto? O Estado procurou acelerar ainda mais o crescimento econômico por meio de fortes investimentos na construção de portos, aeroportos, pontes, ferrovias, etc. Atualmente, com um nível de crescimento econômico assustador, a China encontra novos desafios. O principal deles talvez seja, justamente, o de diminuir a dependência em relação ao comércio exterior, das multi-nacionais, e tentar elaborar uma economia semelhante à ocidental, baseada no consumo interno, na tecnologia de ponta e nos serviços. Mesmo assim, essa "revolução econômica" serviu para tirar 400 milhões de pessoas da pobreza. A verdade é que ninguém sabe, ao certo, até onde os chineses podem chegar.

Por Tiago DantasEquipe Brasil Escola
China - Geografia - Brasil Escola

Curiosidade

Quantas pessoas já passaram pela Terra?
12/08 - 12:20 Isis Nóbile Diniz

Muita gente. E, até 2050, mais 2,5 bilhões devem pisar no planeta!
A resposta: mais de cem bilhões. O número exato seria 106.456.367.669 pessoas. Carl Haub, pesquisador do instituto americano sobre censo demográfico Population Reference Bureau, é o responsável pelo cálculo. Mas, como não existem registros sobre quantas pessoas viveram no planeta desde o aparecimento do primeiro ser humano, trata-se de um valor aproximado.
Esse cálculo foi feito em 2002 - hoje, teríamos que somar ao valor acima mais 500 milhões de pessoas. Para tal, Haub usou dados arqueológicos, históricos e pesquisas da Organização das Nações Unidas (ONU). Em seguida, dividiu a história em diferentes períodos como em Idade Média e Revolução Industrial. Também considerou que a taxa de natalidade é diferente em cada lugar do planeta.
A primeira dificuldade encontrada foi marcar quando surgiu o primeiro Homo sapiens – nossa espécie. Segundo alguns cientistas, o homem em, aproximadamente, 50.000 a.C já era como conhecemos hoje. Então, essa foi a data escolhida. O segundo problema era saber qual o número populacional nos diferentes períodos e em distintas áreas do planeta. O que poderia ser definido pelas dificuldades em obter comida ou às hostilidades climáticas.
Fazendo as contas... O pesquisador concluiu que, de modo geral, com o passar dos anos nascem menos humanos, mas as pessoas vivem mais. “A mortalidade infantil nos primórdios da raça humana deveria ter sido muito alta, talvez 500 óbitos por 1.000 nascimentos ou até mais”, disse Haub na época. Na Idade do Ferro - cerca de 1200 a.C -, onde hoje está localizada a França as pessoas viviam até os 12 anos. A taxa de natalidade - número de nascimentos - era de 80 pessoas para 1.000. Atualmente, uma elevada taxa de natalidade é de 45 ou 50 pessoas.
Até 1 d.C., o mundo deveria ser povoado por cerca de 300 milhões de pessoas. Em 1650, a população mundial aumentou para 500 milhões. Para se ter uma ideia de como a Terra era vazia com relação ao Homo sapiens, atualmente o Brasil possui quase 200 milhões de habitantes. Porém, em 1800, a população mundial passou de 1 bilhão.
Atualmente, com segurança, o instituto afirma que a população mundial é de 6,7 bilhões de pessoas. E, segundo a ONU, esse número pode chegar a 9,2 bilhões em 2050. O aumento equivale ao tamanho total da população do mundo no ano de 1950. Tantas pessoas habitando o planeta ao mesmo momento se deve, resumidamente, à melhora na qualidade de vida, ao acesso a alimentos e a prevenção e tratamento de doenças.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Revoluções Liberais na Europa (Século XIX)

França (1830)
- Periodo de restauração conservadora após o Congresso de Viena (1814-15)
- Luís XVIII no poder com postura absolutista
- Carlos X impõe leis absolutistas a força (retrocesso ao Feudalismo)
- Reação popular derruba Carlos X
- Alta burguesia toma o poder levando ao trono Luís Filipe (O Rei Burguês)
- Movimento na França estimula outros movimentos na Europa e sepulta as intenções conservadoras do Congresso de Viena.
- Novas forças em disputa:
  • Conservação (Burguesia Liberal)
  • Transformação (Proletariado - Socialismo)

França (1848)
- Segunda República Francesa
- Governo de coalisão
- Primeiras Medidas:
  • Fim da pena de morte
  • Convocação de uma constituinte
  • Sufrágio Universal
  • Oficinas Nacionais

- Vitória burguesa nas eleições

- Massacre de proletários garantiu a vitória burguesa

- Luís Napoleão foi eleito presidente da França

- Golpe em 1851 mantém Luís Napoleão no poder estabelecendo uma ditadura e tornou-se imperador.

Império Árabe

Início
  • Povos Semitas divididos em:
  • Beduínos

Nômades, viviam de saques e do pastoreio;

Sedentários, organizados em cidades (Meca, Yatrib, etc.) com economia desenvolvida.

  • Politeístas

- Contatos com judeus e cristãos tornam os beduínos monoteístas.

  • Islamismo

- Maomé recebe a revelação de Alá, onde:

  • Alá é Deus único, criados de todas as coisas;
  • Os seguidores tem de rezar 5 vezes ao dia
  • Dar esmolas
  • Ir a Meca pelo menos 1 vez na vida (desde que tenha recursos);
  • Praticar o jejum no mês do Ramadã

- Maomé leva 0 Islamismo pra Meca de onde é expulso

  • Início do Calendário Islamico (Hégira)
  • Maomé vai para Yatrib que é convertida e se torna Medina

- Em 630 Maomé invade Meca e:

  • Destroi os ídolos da Caaba, mantendo a Pedra Negra
  • Cria a Tese da Predestinação
  • Inicia a expansão unificando a Península Arábica em torno do Islamismo

- A Expansão Árabe

  • Através da Jihad (Dever do muçulmano difundir a fé em Alá)
  • Surgem Estados teocráticos, governados pelos Califas (sucessores de Maomé)
  • Império formado incluía Oriente Médio, Ásia, Norte da África e Península Ibérica
  • Povos conquistados podiam manter sua religião, mas os que se convertiam não pagavam impostos, somente a esmola

- Cultura Árabe

  • Desenvolvimento das ciências
  • Matemática: Algebra e trigonometria, além dos númerias arábicos
  • Física: ótica
  • Química: descobriram vários compostos (carbonato de sódio, ácido sulfúrico e o nítrico)
  • Medicina: organização dos Hospitais e o exercício da Medicina
  • Arquitetura influenciou na Península Ibérica

sábado, 6 de junho de 2009

Filmes para entender a 2° Guerra Mundial



O Dia D
O Mais Longo dos Dias (1962): um dos maiores épicos já produzidos, estrelado por 52 astros de primeira grandeza encabeçados por John Wayne, mostra o desembarque na Normandia. Ganhou Oscar de Fotografia em Preto e Branco e Efeitos Especiais.
O Resgate do Soldado Ryan (1998): para contar a história de um grupo de soldados que tem como missão salvar um soldado cujos irmãos morreram em combate, Spielberg abriu o filme com a recriação mais real, cruel e sanguinolenta da batalha na praia de Omaha já vista. Nenhum filme de guerra foi o mesmo depois dele.

Grandes batalhas
Uma Ponte Longe Demais (1977): elenco estelar (James Caan, Michael Caine, Sean Connery, Anthony Hopkins) para contar a história da Operação Market Garden, um dos maiores fiascos aliado da II Guerra, que causou mais baixas que no próprio Dia D.
Os Canhões de Navarone (1961): grupo de soldados da resistência tenta explodir os poderosos canhões nazistas localizados na costa do Mar Egeu. Com Gregory Peck, David Niven e Anthony Quinn.
Patton (1970): cinebiografia, vencedora de sete Oscars, do mais controverso general americano, George S. Patton (magistralmente interpretado por George C. Scott) e sua guerra pessoal de egos contra o alemão Rommel, no Egito, e o inglês Montgomery, na liberação da Itália.
Por dentro de campos de prisioneiros
Fugindo do Inferno (1963): um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta escapar de um campo alemão à prova de fugas. No elenco, Steve Mcqueen, Charles Bronson, James Coburn e Richard Attenborough.
A Ponte do Rio Kwai (1957): prisioneiros ingleses são obrigados a construir uma ponte para os japoneses e, para provar a superioridade técnica dos britânicos, quase acabam por ajudar o inimigo. Destaque a música-tema, Colonel Bogey March, que ficou famosíssima (lembra dos britânicos assobiando a melodia?), e pelas interpretações de Alec Guiness e William Holden.
O Império do Sol (1987): tocante filme de Spielberg com a história do filho de um funcionário público inglês que é mantido prisioneiro em campo de concentração japonês. Foi o primeiro filme de Christian "Batman" Bale e ainda tem John Malkovich e Miranda Richardson no elenco.

O ataque a Pearl Harbor
Tora!Tora!Tora! (1970): o ataque a Pearl Harbor do ponto de vista japonês e do ponto de vista americano em um filme com direção mista (Kinji Fukasaku e Richard Fleischer), além de grandes atores, como Martin Balsam, Joseph Cotten e E.G. Marshall.
A Um Passo da Eternidade (1953): ganhador de oito Oscars, mostra a vida em um campo militar americano no Havaí antes do ataque japonês. A cena do beijo entre Burt Lancaster e Deborah Kerr à beira-mar ficou famosíssima. Além disso, seria o filme que Frank Sinatra usou de seus contatos na máfia para conseguir um papel e inspirou o Johnny Fontaine de O Poderoso Chefão. Com Ernest Borgnine e Montgomery Cliff.

O absurdo da Guerra
Os 12 Condenados (1967): o diretor Robert Aldrich, conhecido pacifista, mostra a insanidade dos conflitos na história do batalhão formado por 12 sociopatas condenados em uma missão suicida. Elenco para ninguém botar defeito com Lee Marvin, John Cassavetes, Charles Bronson e Telly "Kojak" Savallas.
Inferno no Pacífico (1968): mais uma vez Lee Marvin aparece em um libelo antiguerra. Em uma ilha no Pacífico, um oficial americano e um soldado japonês travam uma batalha pela sobrevivência, um contra o outro, até que descobrem que a única maneira de ficar vivo é se aliarem. O grande ator japonês, Toshiro Mifune, dá um show à parte.

O sofrimento judeu
O Pianista (2002): o diretor Roman Polanski, sobrevivente de um campo de concentração, conta a história do pianista judeu Wladyslaw Szpilman e sua luta para sobreviver nos guetos de Varsóvia. Adrian Brody ganhou o Oscar de melhor ator por sua atuação.
A Lista de Schindler (1993): um dos melhores e mais comoventes filmes de Steven Spielberg na trajetória de Oskar Schindler, empresário que, nas palavras do diretor, fracassou em todos os negócios que teve antes e depois da Guerra. Durante o conflito, porém, foi muito bem-sucedido em salvar centenas de judeus dos campos de concentração.

Enxergando o lado alemão
Cruz de Ferro (1976): Sam Peckinpah inovou mostrando grandes atores americanos e ingleses interpretando alemães nessa trama que envolve o conflito entre um sargento e um capitão obcecado em ganhar uma medalha ¿cruz de ferro¿ durante a invasão da União Soviética. Com James Coburn, James Mason, Maximillian Schell e David Warner.
O Barco - Inferno no Mar (1981): claustrofóbico drama dirigido por Wolfgang Petersen. O filme acontece dentro de um submarino alemão e mostra a tripulação tentando escapar da marinha britânica.
A Queda (2004): os últimos dias de Hitler em seu bunker, do ponto de vista de Traudl Junge, secretária do Führer. Filme tenso, pesado e com a magistral interpretação de Bruno Ganz.

Entendendo o lado japonês
Cartas de Iwo Jiwa (2006): dirigido por Clint Eastwood, faz dobradinha com o filme A Conquista da Honra e mostra o desespero, o fanatismo e a obsessão dos japoneses quando os aliados invadem a ilha de Iwo Jima, importante ponto para o ataque a Tóquio.

Vivendo em tempos de guerra
Adeus Meninos (1987): a infância do diretor Louis Malle na França, em 1944, e o impacto em sua vida quando seu colégio passa a abrigar crianças judias perseguidas pela Gestapo.
Esperança e Glória (1987): a vida em Londres em meio a ataques aéreos alemães, na visão do menino Bill Rohan, no divertido e tocante filme de John Boorman, baseado em sua própria experiência pessoal. A última cena é impagável.
Casablanca (1942): em um dos maiores clássicos do cinema, romance e dramas pessoais se misturam no Rick´s Americain Café, no Marrocos, pertencente ao misterioso e ranzinza Humphrey Bogart. A cena onde os alemães cantando no bar são encobertos pelos franceses e sua Marseillaise (o hino nacional francês) é uma verdadeira batalha campal.

Resistência x Colaboracionismo
Roma, Cidade Aberta (1946): grande expoente do neo-realismo italiano, Roberto Rossellini mostra a resistência italiana contra a presença alemã, inspirado na vida de Dom Luigi Morosini, um pároco que abrigava refugiados políticos.
Lacombe Lucien (1974): o diretor Louis Malle mais uma vez mostra o impacto da guerra na vida cotidiana através de Lucien, jovem e iletrado camponês que depois de ser recusado pela resistência francesa, passa a colaborar com os invasores nazistas.

A vida no pós-guerra
Julgamento em Nuremberg (1961): um dos mais brilhantes filmes sobre os aspectos políticos e sociais da guerra e o início da guerra fria, dirigido soberbamente por Stanley Kramer e com um elenco fenomenal (Burt Lancaster, Montgomery Cliff, Spencer Tracy, Maximillian Schell, Judy Garland, Marlene Dietrich, entre outros) narra o julgamento de juízes nazista condenados por garantir a perseguição indistinta de judeus na Alemanha.
Os Melhores Anos de Nossa Vida (1946): ganhador de sete Oscars, é um dos primeiros filmes a mostrar três ex-combatentes quando de seu retorno aos Estados Unidos e a difícil readaptação à vida civil. O ator Harold Russell, que não tinha as duas mãos na vida real, interpretava um marinheiro que havia sido mutilado em uma batalha.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Tensão no Oriente


Seul - A Coreia do Norte ameaçou com uma possível resposta militar contra a Coreia do Sul e assinalou que já não se vê vinculada ao armistício assinado por ambas as nações ao término de sua guerra em 1953, segundo informou a agência norte-coreana "KNCA".

O regime comunista de Pyongyang reagiu assim à decisão do Governo de Seul de participar plenamente na iniciativa americana contra o tráfico de armas de destruição em massa, o chamado PSI, e assegurou que a península coreana "voltará a um estado de guerra".Um porta-voz do Exército norte-coreano, citado pela "KCNA", disse que a plena participação sul-coreana no PSI será considerada como "uma declaração de guerra" contra a Coreia do Norte, acrescentando que responderá com um ataque militar imediato e potente a qualquer ato hostil.Segundo o porta-voz militar norte-coreano, se o armistício perder sua vigência a península voltará em breve a uma "situação de guerra".Os Estados Unidos comemoraram a decisão da Coreia do Sul de participar plenamente em sua iniciativa antiproliferação de armas, o que Pyongyang considera um descumprimento dos termos do armistício de 1953.A Coreia do Norte assegurou que se alguma de suas naves for inspecionada com base na PSI, que contempla a abordagem de navios suspeitos de participar da proliferação de armas de destruição em massa, o interpretará como um ato hostil.Pyongyang disse que considerará as inspeções e vigilância de seus navios em missão pacífica como "uma violação intolerável contra sua soberania" que será respondida com um ataque militar.Igualmente o regime comunista norte-coreano anunciou que não garante a segurança dos navios nas águas do Mar Ocidental (Mar Amarelo), após a proibição da circulação das naves norte-coreanas desde o dia 25 até hoje, quarta-feira, em uma região concreta do litoral ocidental da província de Pyongyang do Sul, por isso que também não estão descartados mais disparos de projéteis.O regime comunista norte-coreano efetuou esta segunda-feira seu segundo teste nuclear, e o Conselho de Segurança respondeu esse mesmo dia com uma condenação unânime e o aviso de que avaliará a imposição de sanções e uma nova resolução.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Para pensar: A direita faminta.

A direita vem aí, faminta
Atualizado em 17 de maio de 2009 às 17:09 Publicado em 17 de maio de 2009 às 14:50
por Luiz Carlos Azenha
Ninguém é "de direita" no Brasil. Ninguém assume ser de direita. Mas ela existe, se esconde sob diversos disfarces e representa uma aliança entre grandes interesses econômicos internacionais e grandes interesses econômicos nacionais subordinados àqueles. O tal pacto de elites. Elas fazem concessões pontuais para preservar o essencial: o controle da terra, do subsolo e dos recursos naturais.
O presidente Lula não representou um rompimento com isso. Ele costurou alianças em direção ao centro para garantir a "governabilidade". Hoje o agronegócio manda na agricultura e no meio ambiente, os banqueiros controlam o Banco Central e os recursos naturais do Brasil estão entregues a interesses privados -- da Vale do Rio Doce aos parceiros estrangeiros da Petrobras.
Num quadro de escassez, expresso na crise econômica internacional, a disputa pelo controle dos recursos -- e de como gastá-los -- deve se acirrar em todo o mundo. No Brasil não é diferente. Essa disputa passa pelas eleições de 2010.
Lula, no poder, se comportou como um sindicalista pragmático. Preferiu os acordos de bastidores às ruas. Não trabalhou para estimular, organizar ou vitaminar movimentos políticos de sustentação às propostas de seu governo. Não trabalhou para aprofundar a democracia, isto é, para engajar politicamente os que ascenderam economicamente graças às políticas sociais de seu governo. O que explica a vitória de Gilberto Kassab em bolsões de classe média baixa em São Paulo: eleitores beneficiados por programas do governo federal, despolitizados, gravitaram para o candidato com o melhor marketing televisivo.
Já contei aqui sobre o comício final de Marta Suplicy, que teve a presença de Lula: um belíssimo cenário para gravar a propaganda mas nenhuma vibração popular. Vitória completa da forma sobre o conteúdo, do marketing sobre a política.
Agora, às vésperas de 2010, Lula costura de novo para o centro. O governador José Serra faz o mesmo. Serra limou Yeda Crucius de sua coalizão. A Veja já fez duas reportagens seguidas prevendo a hecatombe da tucana gaúcha. O PSDB já deve ter fechado acordo com José Fogaça, do PMDB, para apoiá-lo como candidato a governador em 2012, em troca de apoio no ano que vem.
Os aliados conservadores de Lula são José Sarney e Michel Temer, o que explica o furor midiático em relação à "farra das passagens". Se ambos fossem aliados de Serra o Congresso não estaria "em crise", nem mereceria tamanha cobertura do eixo midiático Veja-Globo-Folha.
A Folha Online anuncia um acordo entre Serra e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pelo qual este seria vice na chapa tucana. Com isso o governador paulista reduz ainda mais a margem de manobra de Lula no PMDB e deixa o presidente da República no colo do trio Sarney-Temer- Renan.
Os acordos acima citados reforçam a posição de Serra no Sul e no Sudeste. Mais ainda se considerarmos que a crise econômica internacional está longe de acabar, que teremos um crescimento interno reduzido este ano e apenas razoável em 2010.
Em entrevista à CartaCapital, Dilma Rousseff disse: "A eleição do Lula, do Evo, da Michelle, da Cristina, do Hugo Chávez, marcam um processo de democratização muito comprometido com os povos dos paises nos quais ocorre".
A diferença é que, no Brasil, o "processo de democratização" foi superficial, não-orgânico e, hoje, depende da sobrevivência política do símbolo dele, Lula. Diante do quadro que descrevi, fiquem de olho: devem aumentar os pedidos para um terceiro mandato ou para que o presidente saia de vice na chapa de Dilma Rousseff.
Quantos bilhões de dólares vale o pré-sal? Quantos bilhões de dólares valem os minérios no subsolo brasileiro? A direita, que nunca chegou a perder o controle da riqueza, vem aí faminta por privatizar cada centavo desses bens públicos, para tomar de volta mesmo as migalhas que Lula distribuiu.